A vida dessa mulher não é fácil. Sozinha, abandonada pelo marido, teve de criar os filhos sem ajuda de ninguém. Depois de muito sofrimento, conseguiu pagar uma faculdade de medicina (uma das mais caras) para o filho amado. Maltratada pela pobreza, desprovida de vaidade e de estudo, sobrevive de subempregos, mas consegue sustentar a família com dignidade.
Mesmo assim, enfrenta o pior dos preconceitos: o próprio filho tem vergonha dela. Ele a esconde dos amigos, da namorada, a humilha, finge ter uma vida que não tem. O que separa na Globo a sofrida Dulce (Cássia Kiss) de Griselda (Lília Cabral) é o "Jornal Nacional". Uma arranca lágrimas em "Morde & Assopra", de Walcyr Carrasco, às 19h. A outra começa a emocionar em "Fina Estampa", de Aguinaldo Silva, às 21h.
Tamanha coincidência obviamente gerou encrenca entre os autores. Aguinaldo, que um dia já foi amigo de Carrasco, chegou a insinuar publicamente que se tratava de plágio. Carrasco, por sua vez, lembra que dramas semelhantes já apareceram na teledramaturgia brasileira, como em "Dona Xepa" (1977).
A confusão foi parar na direção da Globo, que lavou as mãos. Também, pudera. Foi a emissora que, em posse das sinopses, não viu que Dulce e Griselda eram almas gêmeas e tinham tudo para brilhar juntas no horário nobre.
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