Sabe quando você está triste e nem sabe por quê? Tudo vai bem na sua vida, no emprego, mas de repente bate aquela dor no peito... "Você não sabe, mas alguma perturbação pode estar acontecendo na sua rede", diz o pesquisador e netweaver Augusto de Franco.
Quando diz "rede", Franco não está falando das mídias sociais, como Twitter e Facebook; ele se refere aos grupos dentro dos quais as pessoas têm laços com outros participantes. Ou seja, se pessoas desconhecidas que façam parte do seu círculo de amizades estiverem tristes, podem causar desconforto em você.
Para o médico e pesquisador de Harvard Nicholas Christakis, o estudo das redes sociais veio após observar fenômenos de saúde. Você deve conhecer alguma história em que um idoso morre e, pouco tempo depois, seu companheiro também falece. É o que os médicos chamam de "efeito do viúvo", e acontece porque os laços foram cortados, deixando as pessoas desamparadas. Estudando esse efeito, Christakis começou a se perguntar se as consequências da interrupção dos laços sociais também seriam fortes para outros tipos de relações, como de amizade, de parentesco e, finalmente, com pessoas que nem conhecemos.
Pesquisa após pesquisa, ele foi comprovando a força dos laços na vida das pessoas. Uma de suas primeiras descobertas foi sobre como as emoções podem ser surpreendentemente contagiosas. Um exemplo foi o estudo realizado com alunos de faculdade que, designados para dividir o quarto com colegas moderadamente deprimidos, foram ficando mais e mais deprimidos ao longo de três meses. Pode parecer estranho, mas tristeza "pega" que nem gripe.
Ansiedade e felicidade também se alastram feito fogo pelas redes. Ter amigos felizes aumenta nossa chance de felicidade mais do que ganhar mais dinheiro. E, se esses amigos tiverem amigos felizes, nossa chance fica ainda maior. O curioso é que, estando contentes, acabamos atraindo mais amigos, que por sua vez também vão contribuir para o nosso bem-estar. É uma espiral ascendente positiva.
Até mesmo o contato com desconhecidos nos afeta, como pode atestar qualquer um que saiu satisfeito de um restaurante depois de ter sido atendido com um sorriso. Nosso cérebro foi treinado para a empatia, para sentir o que o outro está sentindo, para imitar, mesmo sem perceber, as emoções e expressões faciais de quem está à nossa volta.
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